sábado, 27 de abril de 2013

Vermelho


Ela olhou ate cansar de ver sua imagem no espelho, sentia-se diferente, mas não conseguia captar a diferença em sua aparência, as lembranças da noite anterior perturbavam sua mente, tudo se resumia em um borrão vermelho intenso, como o batom que ela usava todas as noites que ousava se aventurar pelos bares da cidade, quanto mais ela olhava mais coisas nítidas lhe vinham à mente, no entanto a coisa que ela não conseguia esquecer era aqueles intensos olhos negros.
Sua pele guardava o toque de um homem, o cheiro dele exalava como se ele estivesse ali ao seu lado, na cama uma mancha de vinho no linho branco tornava tudo mais intenso. Uma taça jazia estilhaçada ao lado da cama. O desejo dominava o seu ser.
Quanto tempo estava ali parada? Ela não sabia e nem se importava, ela só não queria perder a lembrança daquele olhar fugaz que a dominava , tocou-se nos braços a pele ainda guardava o toque macio e forte dele, o seu vestido preto no chão lembrou-lhe aqueles olhos. Em cima da penteadeira uma rosa vermelha... Lembrou-se do borrão novamente. Aquilo nunca lhe acontecera, o que estava acontecendo? Ela só não queria descartar aquelas lembranças, tudo era muito vivo e intenso, nada na sua vida tinha sido assim. Ela só queria sentir aquele toque novamente, quando? Não sabia, mas era o que ela mais desejava, poder tocar-lhe os lábios e se entregar a aquele ser que só fazia parte dos seus sonhos.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Fuga




Um cigarro. Não aquilo não fazia parte dos seus costumes, mas hoje parecia que lhe era necessário.
Sentada no pequeno espaço na frente da sua casa olhava a chuva e pensava que aquilo ali não era seu lugar, aquelas pessoas, aquelas coisas não faziam parte dela, assim como as anteriores, nunca se sentiu parte de lugar nenhum por isso alimentava um único desejo: o de se libertar, de viver, ganhar o mundo.
Sentia só que precisava de companhia, alguém pra conversar? Talvez, mas ela não precisava falar, aquele cigarro era seu refugio, só precisava de alguém pra compartilhá-lo. Alguém que simplesmente a fizesse sorrir.
Mas hoje se contentara com o cigarro. Ele seria seu companheiro, alias um dos melhores que tivera naquela semana.