“você não é o tipo de garota que
se namora, e sim do tipo que se vive e nunca mais se esquece”. Foi a ultima
frase que ouvi com teu sotaque arrastado numa ligação entrecortada feita de uma
cidadezinha qualquer e foi em resposta a uma frase que eu insisto em repetir a
todos os caras que insistem em namorar a ideia de me ter “eu não sou o tipo de
garota que te amaria”, e não, eu não te amaria e muito menos te namoraria, não
pelo fato de você não ser interessante, mas simplesmente por que eu não
namoraria ninguém, não agora, não depois de tudo.
Apesar da felicidade que me
deste, apesar de você ter sido o cara com quem eu “casei”, apesar de você ter
inspirado meus primeiros poemas, apesar dos pesares eu não te amei, como você mesmo
disse eu te vivi, te reinventei, te desenhei a meu gosto, e o mesmo foi feito
por ti, e meu caro isso foi bem mais interessante que te amar, bem mais. Te viver
foi inesquecível, assim como tirar sua barba e você cortar meus cabelos, símbolos
de um termino, mas não menos tocantes e felizes que os presentes feitos com linhas
coloridas no sofá da sala, símbolos de um começo.
A ti entreguei sorrisos, mas
nunca lagrimas, nem na despedida, afinal há sempre em nós um ar de eterna
visita, uma insistência em ficar pra tomar mais um café ou passar a tarde
mofando em um lugar desconhecido, ah meu eterno viajante, tua falta já não me
agride, teus sorrisos são sempre mais guardados que tuas palavras de
despedidas, afinal ao menos lembro se disseste até a volta ou nos encontramos
por ai, não sei o horário em que me deixaste e disseste pra cuidar da tua irmã
que é mais velha do que eu, a única coisa que lembro desse dia era teu ar de
irritabilidade e tua queixa de que odiava minha maturidade prematura, uma das
tuas doces ilusões, tua insistência em deixar tudo pra trás e viver uma
aventura, me neguei a isso tudo, se aceitasse você passaria de prazer a
obrigação em minha vida, a única coisa que lembro nitidamente foi tua frase
dizendo que ao menos uma vez querias que eu me entregasse totalmente, e te
pertencesse, nem que fosse por um instante, se ao menos soubesses que durante
dias eu fui quase tua.