sábado, 7 de dezembro de 2013

Passado




Me peguei lembrando de você, digo da gente, como eu já disse no passado isso talvez acontecesse ocasionalmente, não porque ainda gosto de você, mas porque me marcaste.
Lembrei dos teus sorrisos, da tua voz e da minha insistência em que mudasses teu jeito, lembrei dos teus sonhos, do teu toque, do teu beijo... lembrei que nada nos separaria, e que a gente era pra sempre, mas como já dizia a musica “o pra sempre, sempre  acaba”.
Quando tudo acabou seriamos amigos, mas pra ti sou só uma estranha que tenta te sorrir ao te ver na rua ou que insiste inutilmente em manter contato, afinal sempre gostei de me ocupar do que não me dá respostas.
Lembrei de como era divertido correr pela cidade no meio da chuva, ver teus olhos encantados com a simplória beleza da natureza, lembrei de como era bom te ter rotineiramente, dizer-te bom dia e sussurrar coisas aleatórias.
E como não podia faltar lembrei de nossas faltas, nossos erros, nossos medos... sem que eu pudesse prever você juntou todos eles e fez com que me assombrassem, fez com que eu percebesse o quanto eras perfeito e eu só mais uma, uma que importou, mas não a que te fez feliz pela eternidade.
Não lamento que tenhas me deixado, apenas lamento ter perdido quem tu eras, e acima de tudo ter deixado que eu era.

sábado, 21 de setembro de 2013

Passageiro



Veio e se foi, passou e levou de mim as lembranças, deixando as mesmas largadas em uma prateleira de casa.
Odeio escrever-te de longe, mas nem mesmo consigo odia-lo, tão pouco consigo ama-lo, mas queria ter-te perto ou talvez nem tão perto, só queria poder olhar-te ao longe, mais uma vez fechando a porta cheio de raiva e rancor, reclamando de minhas armaduras e inseguranças, e eu atrás pensando o quanto a vida é idiota ao colocar-me em situações como aquela, sem perceber que eu mesma as criava.
És agora simplesmente o outro, que passou me fez feliz e se foi como uma brisa de verão que traz o frescor temporário para logo em seguida deixar o calor infernal nos arruinar. E como o calor e o verão, tudo logo passará e será esquecido.
Não mais te vejo, nossos lugares antigos ainda guardam a presença de nós dois, não como um casal apaixonado, mas como dois amigos que compreendiam que um dia o tempo ou as diferenças os afastaria, as nossas risadas ainda ecoavam naquela mesa de bar que visitamos um dia, mas aquilo tudo era efêmero, bem como nós dois.
Aonde estás? Não sei, e sinceramente não é uma coisa que desperte o meu interesse, podes ter  ido ao cinema, voltado a casa de seus pais, estar com sua ex ou apenas engordando no sofá da sua sala. A única coisa que sei é que te verei na sexta.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Desejo


Ela não lembrava como tudo aquilo se iniciara, nem se importava, só sabia que já se arrastava por meses a fio, sempre despertando desejos cada vez maiores. Ele sempre tão eloquente em suas palavras e atitudes mudara em algumas posturas, tornara-se mais discreto, ela também mudara era mais incisiva ao demonstrar que o desejava. O desejo era a única coisa imutável neles, ela o desejava, e achava que era reciproco.
E ela constantemente se perguntava “o que a atraia tanto a aquele homem que não tinha nenhum requisito que ela sempre buscava?”. Ele não gostava das musicas que ela gostava, tinha aquele jeito sociável e populista que ela desprezava e acima de tudo não tinha características em comum com ela, mas ela pensava que para aventuras como aquela isso não era importante.
Cada toque, cada olhar, cada palavra tinha o poder de fazê-la tomar atitudes nunca antes cogitadas por ela, suas tentativas apesar de tímidas mostravam que era capaz de coisas que nunca antes pensara, e concluiu que era aquilo que o instinto animal fazia com as pessoas.
Aqueles olhos negros faziam-na sentir que aquilo tudo valeria a pena apesar das contrariedades e consequências, era apenas uma brincadeira e ninguém precisaria ficar sabendo daquele pequeno jogo, ele a convencera disso, e apesar das tentativas frustradas de ambos aquilo não se finalizaria facilmente, a não ser quando aquele desejo morresse.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ana e o Mar



Dedicado a todos que, como Ana, vivem para amar o mar.
Cabelos ao vento, pés descalços, livros a mão, essa era Ana, uma garota extremamente apaixonada pela vida, ela crescera e vivera na poesia, uma menina-mulher com sonhos soltos e olhos libertos.
A poesia dançava em sua alma e as palavras brincavam em seu lápis, sim ela era como um pássaro em pleno vôo buscando a intensa beleza avermelhada de um céu em fim de tarde.
Mas o que Ana realmente admirava era a beleza salina do mar, que assim meio sem querer brincava de acontecer em todos os lugares que ela ia, por mais que surgissem problemas em sua recém mudada vida todas as vezes que Ana sentia o beijo das ondas no seu pé era como se um mundo novo se abrisse e a fizesse sorrir de modo meigo e inocente como só alguém amado consegue!
Ah! O mar! Ele era o verdadeiro amor de sua vida e ela sentia que ele a amava igualmente, pois deixava que ela sentisse a calmaria agitada que ele possuía e sempre que ela por ele passava lhe entregava as conchas mais belas!
Sentar-se a beira da praia era como admirar a dança de uma pessoa leve e solta que flutua por entre um castelo construído de água e sal intensamente belo e azul.
Ali diante do mar Ana sem querer declarava todo seu amor não só a aquela parte do mundo, mas a si mesma, onde podia sem medo amar e ser amada, sem medo ou pudor, sem se importar em mostrar seus defeitos, pois o mar era um lugar de liberdade, e ele entenderia todo e qualquer ser que a ele recorresse.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Doce e triste.



A imagem daquela menina me fascinou, lagrimas rolavam de seus olhos, eu não sabia por que, nem queria. Ver aqueles olhos negros, brilhantes e chorosos era como vislumbrar um céu estrelado em uma noite escura, me perdi na imensidão daquele olhar que era puro e inocente.
Sua tristeza era bela, apesar de tudo, era uma tristeza encantadora e poética como um dia de chuva. Enquanto eu a olhava o mundo passava, mas só aquele olhar importava.
Ali parada sentada em frente a minha casa, ela me encantava e me entristecia ao mesmo tempo, como um ser podia ser tão triste e belo? Por que aquilo conseguia prender-me tanto?
Minha vontade foi de segura-la nos braços e fazer com que despejasse tudo o que sentia em mim, porque o que era dela vinha da alma e apesar de ser triste enriquecia os sentimentos.
Sinto que jamais poderei ver sentimentos tão sinceros e arrebatadores como vi aquele momento, afinal ela me fez compreender como realmente os olhos podem ser a janela da alma!

domingo, 12 de maio de 2013

Se houvesse musica



Tudo era silencio, sem risos ou choro, aquele silencio torturava e ensurdecia, tudo seria diferente se eles tivessem sua própria trilha sonora.
Se houvesse musica na época do colégio eles nunca teriam discutido gerando a boba polemica sobre quem faria o melhor discurso na formatura, se houvesse musica aquilo tudo seria menos entediante, eles usariam uma letra da cássia Eller ou do Renato russo para dizer para a turma tudo que eles sentiam, e não seria nada superficial.
Se eles tivessem prestado atenção na trilha do primeiro beijo, eles não esqueceriam um do outro, porque aquela canção, por mais trágica que fosse, marcaria aquele momento e acima de tudo marcaria eles dois.
Se eles tivessem colocado uma musica pra tocar naquele momento em que estavam sozinhos eles teriam se entregado por completo, pois a canção tem o poder de desarmar as pessoas.
Se eles pelo menos escolhessem uma musica que representasse os dois, talvez tudo tivesse sido diferente.
Se houvesse uma musica, ela tocaria no dia do casamento dos dois, eles ririam ao som melodioso daquela baladinha ou trocariam olhares carinhosos ao som de uma canção sobre separação que não tinha nada haver com eles.
Eles mostrariam aos seus amigos, filhos e netos, ficariam gravados toda vez que aquela musica tocasse por mais que desconhecidos a escutassem.
Se houvesse uma musica iria ser muito mais divertido ver o vestido florido dela voar contra o vento, e o olhar apaixonado dele seria muito mais poético.
Mas não havia uma canção, não havia a eternidade, só havia o silencio.
E o silencio fez com que todos se esquecessem deles, e ate mesmo eles se esqueceram de si, porque não havia uma doce canção para lembrar um ao outro da existência daquele longínquo romance.


quarta-feira, 1 de maio de 2013

O que ela queria



Manhãs e tardes fatídicas, sim era essa sua vida, inteiramente tediosa...
Ela queria algo a que se prender, se aventurar ou até mesmo se preocupar, queria alguém, que como ela, não se preocupasse com o futuro ou com rótulos em relacionamentos, queria apenas viver!
Alguém pra mergulhar no mar da vida, que adorasse o jeito do seu cabelo despenteado e que não ligasse pro fato dela sempre por vestidos pretos, ou que simplesmente risse dela como ela adorava rir de si mesma... Alguem que a completasse, não queria alguém pra ser dependente ou para se apaixonar, só queria ter alguém para se deitar junto e ver o tempo passar, alguém que como ela, adorasse a vida errada que levava!

sábado, 27 de abril de 2013

Vermelho


Ela olhou ate cansar de ver sua imagem no espelho, sentia-se diferente, mas não conseguia captar a diferença em sua aparência, as lembranças da noite anterior perturbavam sua mente, tudo se resumia em um borrão vermelho intenso, como o batom que ela usava todas as noites que ousava se aventurar pelos bares da cidade, quanto mais ela olhava mais coisas nítidas lhe vinham à mente, no entanto a coisa que ela não conseguia esquecer era aqueles intensos olhos negros.
Sua pele guardava o toque de um homem, o cheiro dele exalava como se ele estivesse ali ao seu lado, na cama uma mancha de vinho no linho branco tornava tudo mais intenso. Uma taça jazia estilhaçada ao lado da cama. O desejo dominava o seu ser.
Quanto tempo estava ali parada? Ela não sabia e nem se importava, ela só não queria perder a lembrança daquele olhar fugaz que a dominava , tocou-se nos braços a pele ainda guardava o toque macio e forte dele, o seu vestido preto no chão lembrou-lhe aqueles olhos. Em cima da penteadeira uma rosa vermelha... Lembrou-se do borrão novamente. Aquilo nunca lhe acontecera, o que estava acontecendo? Ela só não queria descartar aquelas lembranças, tudo era muito vivo e intenso, nada na sua vida tinha sido assim. Ela só queria sentir aquele toque novamente, quando? Não sabia, mas era o que ela mais desejava, poder tocar-lhe os lábios e se entregar a aquele ser que só fazia parte dos seus sonhos.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Fuga




Um cigarro. Não aquilo não fazia parte dos seus costumes, mas hoje parecia que lhe era necessário.
Sentada no pequeno espaço na frente da sua casa olhava a chuva e pensava que aquilo ali não era seu lugar, aquelas pessoas, aquelas coisas não faziam parte dela, assim como as anteriores, nunca se sentiu parte de lugar nenhum por isso alimentava um único desejo: o de se libertar, de viver, ganhar o mundo.
Sentia só que precisava de companhia, alguém pra conversar? Talvez, mas ela não precisava falar, aquele cigarro era seu refugio, só precisava de alguém pra compartilhá-lo. Alguém que simplesmente a fizesse sorrir.
Mas hoje se contentara com o cigarro. Ele seria seu companheiro, alias um dos melhores que tivera naquela semana.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Momento final




Anabeth (lê-se Anabefe) Pritchard, Inglesa, 22 anos, 1,65 de altura, não era das mais bonitas, mas era o tipo de garota que quando você olha algo lhe chama atenção, pode ser qualquer coisa, a incomum cor avermelhada de sua pele, seu nariz um pouco fora do esquadro, seus lindos cabelos anelados ou sua boca perfeitamente sulcada no rosto, mas o que de realmente bonito tinha eram seus utópicos olhos azuis, tão azuis quanto uma piscina de um clube chique.
Mas acima de tudo, a bela senhorita Pritchard tinha um intenso gosto pela literatura, adorava os heróis românticos e as moças etéreas e idealizadas de lord Byron, amava as tragédias de Shakespeare, enfim sua vida se resumia em idealizações e desejos de encontrar um amor sem fim. Porem sua vida era muito diferente disso, a pouco tempo formara-se com louvor na faculdade de direito, nunca apaixonara-se, e tinha a rotina enfadonha de uma advogada em principio de carreira, muito trabalho, pouco dinheiro, pouca satisfação. Estava cansada, desejava algo mais na vida, mas tinha medo de se aventurar.
Certo dia a moça cansada da triste vida londrina decidiu partir para uma cidade do interior, escolhera Oxford, sempre ouvira falar que seus patrimônios eram lindos e grandiosos, aquela viajem serviria apenas para ter o gosto da aventura, para sentir o suave vento tocar seus cabelos, para ver as lindas paisagens que a natureza lhe propiciava, tomou um trem às 06h57min da manhã.
Sentou-se perto da janela, por um tempo ficara admirando o vai-e-vem de pessoas e funcionários, depois voltou-se a seu livro favorito a doce aventura de “um sonho de uma noite de verão” adorava fantasiar com aquele mundo fantástico, notou que havia algo diferente de repente o trem parou, as pessoas se olharam assustadas, algo dera errado, uma voz feminina de repente saiu de um alto-falante no inicio do vagão e disse: “ senhores passageiros, tivemos um problema por conta do mau funcionamento de uma das nossas peças, mas logo ira ser solucionado e vocês poderão continuar sua tranqüila viajem, obrigada!” até ali tudo bem, depois de 10 minutos o trem reiniciara sua trajetória, porem logo em seguida Anabeth ouviu um intenso barulho, e tudo se tornou escuridão.
O silencio imperava dentro da mente da garota, sentia-se leve e solta “que sensação estranha!” pensara ela, de repente não sentia mais o fardo de suas preocupações ou o cansaço da vida diária, naquele momento ela poderia ser o que quisesse, heroína romântica, uma moça sofrida, o amor da vida de alguém, tudo ali pertencia a ela, e tudo que a moça queria era estar ali, livre e tranquila. Finalmente feliz!
No dia seguinte a noticia em todos o jornais da cidade eram as mesmas: “Trem explode a caminho de Oxford e mata todos os passageiros”, talvez o fato que todas aquelas pessoas ignorassem era que uma vida sonhadora partira, a bela Anabeth Pritchard tornara-se memória e como memória podia ser o que quisesse.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Chuva e pés descalços

No meio de toda confusão, toda cobrança, toda pressão, ela se sentia livre, livre dos problemas, do estresse diário, da hipocrisia dela mesma. No meio de toda confusão duas coisas simples a deixavam leve e tranqüila, a fraca chuva que caia e seus pés descalços no asfalto da rua de sua casa.
Naquele momento sentia finalmente o mundo em suas mãos, podia deixar-se levar pela leve musica que tocava apenas em sua mente, aquela batida envolvente, naquele momento ela era livre e feliz, nada abalaria seus sonhos, apenas naquele momento, ali ela podia ser tudo, podia ser heroína e princesa, tudo o que quisesse.
Tinha tudo e nada se desejasse, pena que era uma triste ilusão, porem ela não ligava, porque naquele instante em que a chuva tocava seu rosto e o chão estava sob seus pés ela já tinha tudo, tinha liberdade!


terça-feira, 5 de março de 2013

Menina dos olhos sonhadores

Durante toda minha vida eu escrevi, porem sempre achei que meus contos e textos fossem apenas mais uma forma de escapar do mundo, uma coisa que deveria ser guardada e jamais mostrada a ninguém, nunca  achei que houvesse outra pessoa com a qual pudesse compartilhar isto, me enganei, um dos maiores acertos da minha vida foi ter aceitado levar aquela garota até a fila R.U.
Um tempo depois pude conhecê-la de verdade, saber suas fantasias, seus medos, seu mundo, percebi que o que ela mais desejava era alçar um vôo livre pelo mundo da literatura, se entregar inteiramente aos seus personagens, ser quem ela era, percebi naqueles vivos olhos sonhadores o simples desejo de se libertar, o desejo de mostrar quem era, os mesmos desejos que eu tanto tentava negar minha vida toda, desejos esses que construíam meu ser e o dela também.
Porem o mais importante ela me mostra diariamente, ela me ensina que o mundo não é só aquela caixinha estereotipada de amigos e sociedade que eu havia criado, era muito mais, era fantasia era sonho e principalmente liberdade, era aquilo que escrevíamos e idealizávamos, o mundo podia não se transformar de uma hora para outra, podia não ser a maravilha que desejamos, mas podia ser olhado de outro ponto, olhado de um lado melhor e inocente, olhado com bons olhos.
Por isso afirmo menina dos olhos sonhadores, a vida tem muito mais a oferecer e iremos atrás dessas ofertas juntas! Pois sonhos não foram feitos pra ser apagados e sim para serem alcançados.
Por Louise R.