Anabeth (lê-se Anabefe)
Pritchard, Inglesa, 22 anos, 1,65 de altura, não era das mais bonitas, mas era
o tipo de garota que quando você olha algo lhe chama atenção, pode ser qualquer
coisa, a incomum cor avermelhada de sua pele, seu nariz um pouco fora do
esquadro, seus lindos cabelos anelados ou sua boca perfeitamente sulcada no
rosto, mas o que de realmente bonito tinha eram seus utópicos olhos azuis, tão
azuis quanto uma piscina de um clube chique.
Mas acima de tudo, a bela
senhorita Pritchard tinha um intenso gosto pela literatura, adorava os heróis
românticos e as moças etéreas e idealizadas de lord Byron, amava as tragédias
de Shakespeare, enfim sua vida se resumia em idealizações e desejos de
encontrar um amor sem fim. Porem sua vida era muito diferente disso, a pouco
tempo formara-se com louvor na faculdade de direito, nunca apaixonara-se, e
tinha a rotina enfadonha de uma advogada em principio de carreira, muito
trabalho, pouco dinheiro, pouca satisfação. Estava cansada, desejava algo mais
na vida, mas tinha medo de se aventurar.
Certo dia a moça cansada da
triste vida londrina decidiu partir para uma cidade do interior, escolhera
Oxford, sempre ouvira falar que seus patrimônios eram lindos e grandiosos,
aquela viajem serviria apenas para ter o gosto da aventura, para sentir o suave
vento tocar seus cabelos, para ver as lindas paisagens que a natureza lhe
propiciava, tomou um trem às 06h57min da manhã.
Sentou-se perto da janela, por um
tempo ficara admirando o vai-e-vem de pessoas e funcionários, depois voltou-se
a seu livro favorito a doce aventura de “um sonho de uma noite de verão”
adorava fantasiar com aquele mundo fantástico, notou que havia algo diferente
de repente o trem parou, as pessoas se olharam assustadas, algo dera errado,
uma voz feminina de repente saiu de um alto-falante no inicio do vagão e disse:
“ senhores passageiros, tivemos um problema por conta do mau funcionamento de
uma das nossas peças, mas logo ira ser solucionado e vocês poderão continuar
sua tranqüila viajem, obrigada!” até ali tudo bem, depois de 10 minutos o trem
reiniciara sua trajetória, porem logo em seguida Anabeth ouviu um intenso
barulho, e tudo se tornou escuridão.
O silencio imperava dentro da
mente da garota, sentia-se leve e solta “que sensação estranha!” pensara ela,
de repente não sentia mais o fardo de suas preocupações ou o cansaço da vida
diária, naquele momento ela poderia ser o que quisesse, heroína romântica, uma
moça sofrida, o amor da vida de alguém, tudo ali pertencia a ela, e tudo que a
moça queria era estar ali, livre e tranquila. Finalmente feliz!
No dia seguinte a noticia em
todos o jornais da cidade eram as mesmas: “Trem explode a caminho de Oxford e
mata todos os passageiros”, talvez o fato que todas aquelas pessoas ignorassem
era que uma vida sonhadora partira, a bela Anabeth Pritchard tornara-se memória
e como memória podia ser o que quisesse.