quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Desejo


Ela não lembrava como tudo aquilo se iniciara, nem se importava, só sabia que já se arrastava por meses a fio, sempre despertando desejos cada vez maiores. Ele sempre tão eloquente em suas palavras e atitudes mudara em algumas posturas, tornara-se mais discreto, ela também mudara era mais incisiva ao demonstrar que o desejava. O desejo era a única coisa imutável neles, ela o desejava, e achava que era reciproco.
E ela constantemente se perguntava “o que a atraia tanto a aquele homem que não tinha nenhum requisito que ela sempre buscava?”. Ele não gostava das musicas que ela gostava, tinha aquele jeito sociável e populista que ela desprezava e acima de tudo não tinha características em comum com ela, mas ela pensava que para aventuras como aquela isso não era importante.
Cada toque, cada olhar, cada palavra tinha o poder de fazê-la tomar atitudes nunca antes cogitadas por ela, suas tentativas apesar de tímidas mostravam que era capaz de coisas que nunca antes pensara, e concluiu que era aquilo que o instinto animal fazia com as pessoas.
Aqueles olhos negros faziam-na sentir que aquilo tudo valeria a pena apesar das contrariedades e consequências, era apenas uma brincadeira e ninguém precisaria ficar sabendo daquele pequeno jogo, ele a convencera disso, e apesar das tentativas frustradas de ambos aquilo não se finalizaria facilmente, a não ser quando aquele desejo morresse.