Ela não lembrava como tudo aquilo
se iniciara, nem se importava, só sabia que já se arrastava por meses a fio,
sempre despertando desejos cada vez maiores. Ele sempre tão eloquente em suas
palavras e atitudes mudara em algumas posturas, tornara-se mais discreto, ela
também mudara era mais incisiva ao demonstrar que o desejava. O desejo era a
única coisa imutável neles, ela o desejava, e achava que era reciproco.
E ela constantemente se
perguntava “o que a atraia tanto a aquele homem que não tinha nenhum requisito
que ela sempre buscava?”. Ele não gostava das musicas que ela gostava, tinha
aquele jeito sociável e populista que ela desprezava e acima de tudo não tinha
características em comum com ela, mas ela pensava que para aventuras como
aquela isso não era importante.
Cada toque, cada olhar, cada
palavra tinha o poder de fazê-la tomar atitudes nunca antes cogitadas por ela,
suas tentativas apesar de tímidas mostravam que era capaz de coisas que nunca
antes pensara, e concluiu que era aquilo que o instinto animal fazia com as
pessoas.
Aqueles olhos negros faziam-na
sentir que aquilo tudo valeria a pena apesar das contrariedades e
consequências, era apenas uma brincadeira e ninguém precisaria ficar sabendo
daquele pequeno jogo, ele a convencera disso, e apesar das tentativas
frustradas de ambos aquilo não se finalizaria facilmente, a não ser quando
aquele desejo morresse.