segunda-feira, 11 de março de 2013

Momento final




Anabeth (lê-se Anabefe) Pritchard, Inglesa, 22 anos, 1,65 de altura, não era das mais bonitas, mas era o tipo de garota que quando você olha algo lhe chama atenção, pode ser qualquer coisa, a incomum cor avermelhada de sua pele, seu nariz um pouco fora do esquadro, seus lindos cabelos anelados ou sua boca perfeitamente sulcada no rosto, mas o que de realmente bonito tinha eram seus utópicos olhos azuis, tão azuis quanto uma piscina de um clube chique.
Mas acima de tudo, a bela senhorita Pritchard tinha um intenso gosto pela literatura, adorava os heróis românticos e as moças etéreas e idealizadas de lord Byron, amava as tragédias de Shakespeare, enfim sua vida se resumia em idealizações e desejos de encontrar um amor sem fim. Porem sua vida era muito diferente disso, a pouco tempo formara-se com louvor na faculdade de direito, nunca apaixonara-se, e tinha a rotina enfadonha de uma advogada em principio de carreira, muito trabalho, pouco dinheiro, pouca satisfação. Estava cansada, desejava algo mais na vida, mas tinha medo de se aventurar.
Certo dia a moça cansada da triste vida londrina decidiu partir para uma cidade do interior, escolhera Oxford, sempre ouvira falar que seus patrimônios eram lindos e grandiosos, aquela viajem serviria apenas para ter o gosto da aventura, para sentir o suave vento tocar seus cabelos, para ver as lindas paisagens que a natureza lhe propiciava, tomou um trem às 06h57min da manhã.
Sentou-se perto da janela, por um tempo ficara admirando o vai-e-vem de pessoas e funcionários, depois voltou-se a seu livro favorito a doce aventura de “um sonho de uma noite de verão” adorava fantasiar com aquele mundo fantástico, notou que havia algo diferente de repente o trem parou, as pessoas se olharam assustadas, algo dera errado, uma voz feminina de repente saiu de um alto-falante no inicio do vagão e disse: “ senhores passageiros, tivemos um problema por conta do mau funcionamento de uma das nossas peças, mas logo ira ser solucionado e vocês poderão continuar sua tranqüila viajem, obrigada!” até ali tudo bem, depois de 10 minutos o trem reiniciara sua trajetória, porem logo em seguida Anabeth ouviu um intenso barulho, e tudo se tornou escuridão.
O silencio imperava dentro da mente da garota, sentia-se leve e solta “que sensação estranha!” pensara ela, de repente não sentia mais o fardo de suas preocupações ou o cansaço da vida diária, naquele momento ela poderia ser o que quisesse, heroína romântica, uma moça sofrida, o amor da vida de alguém, tudo ali pertencia a ela, e tudo que a moça queria era estar ali, livre e tranquila. Finalmente feliz!
No dia seguinte a noticia em todos o jornais da cidade eram as mesmas: “Trem explode a caminho de Oxford e mata todos os passageiros”, talvez o fato que todas aquelas pessoas ignorassem era que uma vida sonhadora partira, a bela Anabeth Pritchard tornara-se memória e como memória podia ser o que quisesse.

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